De Pernas Pro Ar 2

Ontem fui convidado para assistir à pré-estreia do filme "De Pernas pro Ar 2". Torci o nariz, porque não sou muito fã das obras nacionais, que sempre apelam para o sexo, a incansável temática de que o Brasil é um país violento e que a farra é a única coisa que existe por aqui, mas mesmo assim, dei um voto de confiança e aceitei o convite. Levei, é claro, a Senhora Zé, que já estava inclinada para participar de alguma sessão, mas já sabendo do meu leve declínio para esse tipo de cinema, nem se quer havia cogitado a possibilidade. 

Como se tratava de uma pré-estreia, e todo tipo de atração é bem-vinda para chamar a atenção do público,  no momento em que esperávamos na fila, um pocket show de poledance estava acontecendo. Mais tarde, já na sala de cinema, sortearam alguns descontos (50% em janeiro e fevereiro) no instituto lá de ensino dessas coisas, e sim, a Deisi foi uma das contempladas. Mas, deixemos essas firulas de lado e vamos ao que interessa, o filme. 



Tinha assistido ao trailer em uma outra sessão, e não me empolguei nadinha com o que vi, somente senti vergonha alheia de cada cena que passava. O Brasil não é muito bom para fazer filme, quem dirá montar um trailer interessante (salvo algumas exceções) que desperte o interesse no espectador para ao menos pensar na possibilidade de comprar o ingresso. Por isso, já fui com um certo preconceito. Só que preciso dar o braço a torcer, o filme é bom. Sim, é bom para os padrões brasileiros. Certo, quais são os padrões brasileiros? Bom, aqueles que comentei acima: sexo, violência, e tale coisa.

 Só os "efeitos especiais" que foram ridículos e incômodos, fazendo me pensar de eu não estava vendo uma esquete do programa do Didi. Abusaram do uso do Chroma Key deslavado, jogado na cara do espectador, provando somente que a verba era pouca até para montar um banheiro fictício de luxo - sim, uma das cenas a personagem principal, interpretada pela até que razoável Ingrid Guimarães, estava ao telefone em um banheiro chic de Nova Iorque, #sóquenão. 

Até a tal da Nova Iorque na verdade parecia mais o Projac da Globo. Sim, eu sei que cenas externas, ainda mais na cidade mais movimentada do mundo, é muito difícil de se fazer, até mesmo vindo de um filme tupiniquim que resolveu cheirar em terras americanas, mas por favor né! Custa montar um restaurante convincente, um banheiro que não seja uma foto inserida atrás do ator? Não, brasileiro gosta de usar esse recurso, e muito mal, inclusive. 


Outro ponto que me incomodou e é típico nos filmes nacionais, é que eu não sabia se, além de estar assistindo a uma esquete do Didi, toda aquela história não fazia parte de um especial de final de ano da Globo, sabe, tipo o Zorra Total. Tive a certeza disso quando vi a Valéria do Metrô interpretando um garçom. São todos excelentes atores para o seu nível de atuação, mas não passam disso, e vê-los na TV ou no cinema, dá no mesmo, usam sempre as mesmas piadas, os mesmos trejeitos. O ator acaba sendo escolhido pelo que ele é, e não pelas interpretações que pode fazer. Novamente, ressalto, salvo algumas exceções. A Ingrid Guimarães é um desses exemplos. Sempre a tive como uma pentelha e chata, e independente do que estivesse fazendo, a imagem de amiga da Belinha em "Sob Nova Direção" vinha à minha cabeça. Mas dessa vez ela se superou é um dos pontos altos no filme, trazendo os melhores momentos de risos. 

O humor é um recurso que soa muito bem em toda a obra. Confesso que tive altos momentos de riso nas sessões, e não era somente eu, vi que a sala toda, que estava lotada, também compartilhava desse humor, demonstrando que o filme é realmente engraçado, mas não passa disso. Ou seja, cumpre o seu papel, o papel que a maioria dos filmes brasileiros possuem: entreter e nada mais. A risada se alterna de uma para outra, mas não é nada que vá fazer você se lembrar para o resto de sua  vida. Ah, mentira, tem uma tirada que é muito boa. Lembre-se da palavra GARFO, e saberá do que estou falando. 


E o roteiro?. A dona da loja de... (vocês perceberam que eu não fui procurar o nome dos personagens, nem dos atores né!) A dona da loja de artigos sexuais está trabalhando tanto que sua saúde não anda muito bem. Depois de um viral se espalhar pela internet (os blogs que aparecem deviam ter ganhado uma grana para aparecer no filme heim... que inveja) com ela caindo sobre o bolo de inauguração da centésima loja, ela resolve ver o que está acontecendo e vai parar em um spa nenhum pouco comum. Interessante até apontar que cada personagem desse local de repouso tem uma característica, me fazendo lembrar do filme "Tratamento de Choque", já que cada personagem tem uma mania diferente. Cheio de sub-histórias (tem o momento do spa, tem a vida pessoal dela, tem a inauguração da loja em NY, tem tudo!) o filme tem lá suas quase duas horas de duração, sendo um pouco incômodas, por às vezes você sentir que não sabe a que pontou o que você quer que se resolva. 

Enfim, acho que estou me alongando muito nesse post, mas quero só dizer que o filme entretém  diverte, é engraçado, mas nada mais do que isso. Apostem suas bolsas escrotais ou a sua virgindade: assim que o filme sair definitivamente em cartaz, logo logo estará entre os mais vistos do ano no Brasil, porque é bem a cara do brasileiro esse tipo de filme, humor piegas e só. E não vou me admirar se em breve anunciarem o De Pernas Pro Ar 3 em Paris. 

1 Pelarau:

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